APOLOGIA ABSTÊMIA
APOLOGIA ABSTÊMIA
Tema interessante. Será que assistir a uma
palestra contra o uso de drogas/álcool causa o mesmo impacto da palestra sobre
abstinência? Vamos analisar isso com mais cuidado e entender que “ser contra
alguma coisa” não significa que “sejamos a favor de outra”.
É atribuída a MADRE TERESA DE CALCUTÁ a
célebre frase: “NUNCA IREI A UMA MANIFESTAÇÃO CONTRA A GUERRA, SE FIZEREM PELA
PAZ CHAMEM-ME”. A filosofia oculta nessa máxima é a de que “ser contra alguma
coisa” não resolve o problema. Muitos estudiosos apontam que uma força
contrária ao ódio, ao terror ou ao medo não pode diminuir suas intensidades.
Então, por mais que lutemos contra isso, sempre existirá ódio, terror e medo.
Dessa forma, ir numa manifestação popular contra ódio, terror ou medo não
poderá causar nenhuma diminuição na intensidade desses fenômenos. Nesse
sentido, DENISE MUCCI informou: “Se você está focando no problema,
você está deliberadamente agarrando o problema”. E como resolver isso? Devemos
comparecer numa manifestação popular a favor do amor, da compaixão ou da
coragem. Esses são os antídotos que devem ser usados contra o ódio, terror ou
medo.
Puxando a brasa para nossa
sardinha, os efeitos gerados por uma ação contra o uso de drogas/álcool
(problema) são muito diferentes dos efeitos gerados por uma ação a favor da
abstinência (solução). A ação contra o uso de drogas/álcool é denominada de
PROFILAXIA DA ADICÇÃO. Por sua vez, a ação protagonizada a favor da abstinência
é conhecida como PROSELITISMO ABSTÊMIO.
Assim, entendo, humildemente, que não basta
ser contra o uso de drogas/álcool é preciso mais: é preciso ser a favor da
abstinência. Respeito as posições contrárias que advogam a tese de que qualquer
ação contra o uso de drogas/álcool é válida e bem-vinda. Concordo com esse
ponto de vista. Contudo, entendo que há necessidade de avançar nessa área e,
quem sabe, mudar a metodologia utilizada adotando uma ideologia em prol da
abstinência. Ademais, essa tem sido uma tônica lentamente adotada no mundo.
Citarei alguns exemplos e, em seguida, será
explicado com mais detalhes o conteúdo de suas significâncias:
1. PROSELITISMO ABSTÊMIO: estudos, palestras,
debates, seminários, cursos e divulgação de informações em prol da abstinência. Consiste na análise dos hábitos, técnicas,
métodos e terminologias adequadas para iniciar, manter e evoluir
abstemiologicamente. Sugerimos a criação de mecanismos como: isenção tributária
ou subsídios para formação de grupos anônimos (A.A., N.A.), incentivo ao
esporte amador com isenções tributárias às academias (v.g.), bonificação
salarial para funcionários que comprovem abstinência através de exames
clínicos; gratuidade do ensino de cursos abstemiológicos, proibição de
publicidade sobre bebidas alcoólicas etc.
2. PROSELITISMO ADICTO: existem muitos
exemplos disso: publicidade incentivadora do consumo de álcool, músicas que
cultuam o consumo de bebidas alcoólicas, filmes e novelas que fomentam o uso de
drogas/álcool, idolatração da embriaguez e a famosa “marcha da maconha”. Veja
que o incentivo ao uso de drogas/álcool (proselitismo da adicção) é MAIOR que
qualquer outra forma ação negativa sobre esse consumo. De fato, essa forma de
proselitismo é muito difundida e faz parte, infelizmente, da própria cultura
popular sendo, na verdade, uma APOLOGIA
À DROGADIÇÃO.
3. PROFILAXIA DA ADICÇÃO: é o combate ao uso de
drogas/álcool, por exemplo: criminalização da embriaguez, altas taxas
tributárias sobre a comercialização de bebidas alcoólicas e do tabaco, o slogan
“beba com moderação”, o fomento governamental as clínicas e comunidades
terapêuticas, o fornecimento de seringas descartáveis etc. Enfim, tudo que
combate o uso de drogas/álcool pode ser compreendido como forma de profilaxia
da adicção. Assim, mesmo no caso de haver a substituição
da frase “se beber, não dirija” pela frase “se beber, procure um grupo anônimo”
estaríamos fazendo somente uma profilaxia da adicção. Porém, penso que isso
seja melhor do que não fazer nada.
O PROSELITISMO
ABSTÊMIO ocorre quando aqueles que estão em jornada abstêmia começam a
“espalhar” a ideologia abstêmia para toda sociedade. A ideologia abstêmia deve
ser ministrada a todos os que desejam a evolução consciencial abstêmia. O
conjunto de ideias abstêmias precisa ser semeado por todos os cantos para que a
abstinência consiga atingir o maio número possível de pessoas e instituições.
Como métodos de proselitismo abstêmio
são possíveis citar: visitas a centros abstêmios, palestras de motivação
abstêmia, política estatal para desenvolvimento de clínicas ou comunidades
terapêuticas, técnicas individuais de reparação de danos ou incentivos a
internamentos voluntários e preventivos.
No outro lado, existe o PROSELITISMO ADICTO que consiste na proliferação de crenças e
ideias que promovem o uso de drogas/álcool. Como exemplo de proselitismo adicto temos as músicas
que se referem a bebidas alcoólicas, os filmes que estão recheados de cenas com
uso de drogas/álcool, publicidades comerciais do álcool e do cigarro, piadas
populares em que os “bêbados” são engraçados, festas aonde o uso de
drogas/álcool supera a intenção de reencontro ou reunião de amigos etc. Existe
uma piada (hoje já é um ditado popular) que diz: “melhor ser um bêbado
conhecido do que um alcoólatra anônimo!”, será que isso é verdade? Isso é real?
De fato, o PROSELITISMO ADICTO é
muito mais difundido e “glorificado” do que o PROSELITISMO ABSTÊMIO.
Por fim, existe a PROFILAXIA DA ADICÇÃO que consiste no combate a ideologia adicta
através de procedimentos, recursos, medidas ou medicamentos. Assim, a profilaxia da adicção consiste numa
ação direta contra a adicção e as ideias adictas que lhe sustentam. São
exemplos de profilaxia da adicção: visitas as clínicas de desintoxicação,
palestras de prevenção de combate às drogas, política estatal ou técnica
individual de redução de danos, distribuição de medicamentos ou internamentos
compulsórios.
A
profilaxia da adicção visa combater de forma direta o proselitismo adicto. Por outro lado, o proselitismo abstêmio não combate de
forma direta o proselitismo adicto porque se baseia, num primeiro momento,
apenas na propagação de ideias abstêmias. No proselitismo abstêmio não se fala em drogadição, mas somente em
temas abstêmios de forma que o combate às ideologias adictas ocorrerá de forma
indireta.
Concluindo, combater o proselitismo adicto através da profilaxia
da adicção é muito diferente de difundir ideias abstêmias utilizando o proselitismo abstêmio. Para
exemplificar isso vamos usar o caso clássico que aparece em programas
televisivos de pessoas que eram adictas e se tornaram atletas de alto
rendimento. Nesses casos, explicar para a criança que o atleta que venceu a
competição já tinha sido usuário de drogas (profilaxia da adicção) é muito
diferente de explicar, para essa mesma criança, que o atleta que venceu a
competição só conseguiu esse feito porque estava abstêmio há muitos anos
(proselitismo abstêmio). O atleta não venceu a competição porque foi usuário de
drogas no passado, ele venceu porque treinou, se preparou e está em abstinência
há muitos anos. Diferenciar isso é muito importante e relevante.
Ante tudo que foi exposto, penso que a Madre
Teresa de Calcutá estava certa: combater o problema é muito diferente de
fomentar a solução. O PROSELITISMO ABSTÊMIO e a PROFILAXIA DA ADICÇÃO são formas
de APOLOGIA ABSTÊMIA.
Bons estudos!
Escritor: Péricles Ziemmermann
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REFERÊNCIAS
Sugerimos, humildemente, a leitura do texto: TÉCNICA DA “LIBERDADE DE” E DA “LIBERDADE PARA”
Sugerimos, humildemente,
que seja assistido ao seguinte vídeo: POLÍTICAS ABSTEMIOLÓGICAS
ZIEMMERMANN, Péricles. PRINCÍPIOS ABSTEMIOLÓGICOS. Porto Alegre/RS: Editora Simplíssimo, 2018. ISBN 978-85-824565-3-8
ZIEMMERMANN, Péricles. TEORIAS ABSTEMIOLÓGICAS. Porto
Alegre/RS: Editora Simplíssimo, 2019. ISBN 978-85-824566-2-0
ZIEMMERMANN, Péricles. ITINERÁRIOS ABSTEMIOLÓGICOS. Porto
Alegre/RS: Editora Simplíssimo, 2020. ISBN 978-85-924432-3-8
ZIEMMERMANN, Péricles. ABSTEMIOPATIAS. Porto Alegre/RS:
Editora Simplíssimo, 2021. ISBN 978-85-824583-6-5
Para mais informações: COMPRANDOLIVROS TÉCNICOS
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